Santiago vale uma visita, nem que seja apenas para conhecer a casa de Pablo Neruda. O local é lindo e a visita é guiada de forma muito interessante.
Apesar de não saber nadar, Neruda era completamente apaixonado pelo mar - uma de suas principais fontes de inspiração - o que o leva a usar diversos móveis provenientes de barcos (além de uma decoração temática neste sentido) em sua casa.
O local é dedicado a sua terceira mulher, Matilde. Durante algum tempo, Matilde foi amante de Neruda e a casa era justamente um lugar onde se encontravam. Inicialmente, havia uma vista muito bonita para a Cordilheira dos Andes, mas, hoje, tudo o que vemos são prédios e poluição. Há poemas do escritor espalhados por toda a casa, além de quadros de artistas muito famosos - inclusive um muito interessante de Diego Rivera.
Pudemos entender um pouco mais sobre a militância de Neruda, a força de sua esposa e a ditadura chilena durante o recorrido... Sua história é realmente impressionante!
Passamos 29 horas viajando de Buenos Aires a Santiago. O motivo da demora? Novamente, a demora para fazer os trâmites na fronteira (havia uma fila enorme). Mas valeu a pena: passamos por uma estrada que vai beirando a Cordilheira dos Andes, super sinuosa, mas lindíssima. A vista é indescritível, coloco algumas fotos aqui mas elas não dão conta da dimensão da beleza...
Uma noção das curvas, sinuosíssimas
Um vento delicioso e friozinho soprava nas Cordilheiras
Eu e minha amiga Mariana (da TV UFBA, que está fazendo o registro de tudo)
Nossa, não escrevo há milênios!!! Prometo me disciplinar =)
Bem, neste momento estamos em Buenos Aires. A Odebrecht nos apoiou com alimentação e hospedagem, o que significa que estamos num hotel chiquérrimo, o NH Crillón. Fica bem na porta do Metrô!!! O quarto tem banheira (ou uma ducha maravilhosa) e é muito lindo! =D O problema é que só tem comida chique no restaurante, com certeza engordarei =(
Chegamos à Argentina ontem de tarde. Saímos de Montevideo no nosso horário "normal" de viagem - 4 da manhã. A estrada era toda de pampas, sem nada de nenhum lado a não ser plantações de trigo, de soja e criações de gado. Foi até difícil encontrar um lugar para tomar café, não tinha nem posto de gasolina por perto (imagina um motorista desavisado por lá, tadinho...).
Na fronteira, como sempre, nos fizeram esperar horrores. Mas, desta vez, foi por um motivo político: queríamos chegar até um lugar onde está localizado, há três anos, um movimento ambientalista. Eles bloquearam uma ponte que dá acesso à Argentina (de fato, é o caminho mais curto entre Montevideo e Buenos Aires) como uma forma de protestar contra a instalação de uma indústria de papel - que polui bastante o Rio Prata. O conflito é interessante pelo que gerou: uma fronteira bloqueada em pleno Mercosul - haja contradição!
Enfim... os uruguaios nos seguraram por quatro horas e meia na fronteira. Incrível! Mas mantivemos o bom humor, acima de tudo (apesar de estarmos mortos de fome). Enfim, conseguimos a liberação deles, depois de fazer pressão sugerindo ligar para a embaixada. Fomos ansiosos mas também com um pouco de medo em direção ao bloqueio da estrada. Esperávamos coisas horríveis - militantes com os rostos cobertos, armados, sem disponibilidade de diálogo. Finalmente chegamos ao local. Todos tensos, um grupo da coordenação saiu primeiro do ônibus para "negociar". E o que encontraram foi surpreendente: velhinhos com o rosto descoberto, super atenciosos, nos pedindo para entrar e conhecer suas instalações. Inclusive nos deixaram filmar e fotografar.
Quando entrei ali, pensei a princípio que era contraditório: um movimento ambientalista que usa ar condicionado? Mas, logo, voltei atrás. Primeiro porque as instalações eram realmente muito precárias - o ar condicionado provavelmente fora doado por alguém, era bastante antigo, e o banheiro era bem improvisado, até com uma placa dizendo "apenas líqüídos" (acho que a tubulação não agüentava processar o número 2). Então pensei que seria impossível sustentar um movimento, por tanto tempo, sem o mínimo de conforto. Nunca havia pensado por este ponto de vista...
No fim das contas, o pessoal de Arroyo Verde (como eles chamam o local) nos deixou passar pelo bloqueio! Foi emocionante ter passado por um lugar há três anos fechado, nos sentimos super honrados. =) Fomos inclusive chamados para participar da Assembléia deles, de noite. Foi muito bonito: aproximadamente uns 200 velhinhos debatendo questões de meio ambiente, protesto, política. Fiquei tão orgulhosa deles, apesar de nem serem brasileiros! Fiquei orgulhosa como latino-americana, talvez, e isso pode significar que a Caravana realmente é pela Integração.
No Brasil, jamais aconteceria algo nesta dimensão. Tenho a impressão de que, no Brasil, quem realmente faz protesto - na prática e buscando um desenlace real - são os menos favorecidos. A classe média não mexe um dedo. Algum morador da Barra foi acampar na orla como protesto contra o PDDU de João Henrique? Ninguém fez nada mais que escrever textinhos para o blog, para o jornal... É horrível isso, essa passividade. Acho que talvez a universidade pudesse fazer algo respeito, mas recentemente o que a academia tem valorizado é justamente a publicação de textos, e não o trabalho para a comunidade no sentido mais prático do termo.
Enfim... este post já está longo demais. Depois escrevo mais sobre um encontro fantástico que tive ontem, com as Madres de la Plaza de Mayo!
Estamos num albergue muito legal, onde eu tinha ficado da última vez que vim. Tudo continua igual: muitos estrangeiros, um ambiente super simpático, muita natureza, muito calor, comida deliciosa... Mas tem menos insetos dessa vez!!
Em compensação, também tem mais sapos =/
Hoje de manhã fomos visitar a Usina Hidrelétrica de Itaipu - a empresa é uma das patrocinadoras do nosso projeto. A visita foi maravilhosa, pudemos ver praticamente tudo - por dentro e por fora =)
O que mais gostei foi que era tudo tão organizado na Itaipu! Horário certinho, visita toda programada e ensaiada, faixas amarelas no chão (de "não ultrapasse por segurança"), capacetes, kits com cadernos e fones de ouvido ultra-tecnológicos! Fomos muito bem recebidos, tudo com hora marcada, com direito a um almoço preparado especialmente e uma visita às cataratas (que estavam bem mais cheias que a última vez que fui)! =] O dia foi cheio mas com certeza foi bom o suficiente para nos dar muito mais energia para o resto da viagem!
Hoje o dia foi cansativo, de muita estrada. Mas também muito divertido! Comi um pão de queijo muito delicioso, numa parada para café da manhã em Minas Gerais =) Além disso, tivemos uma discussão muito legal sobre a América do Sul e o Brasil. Um dos “insights” do nosso coordenador foi pensar que o Governo Lula traz para a máquina pública os debates da sociedade civil (ex: o ministro da Comunicação é opositor à Ancinav, lançada pelo Ministério da Cultura; há um Ministério da Agricultura e um Ministério do Desenvolvimento Agrário).
Também teve outro ponto alto: o banheiro do posto Patão em Patos de Minas (MG)!!! Tudo limpinho, banho com água quente, uma delícia =)
Tem outra novidade: fiz uma "cirurgia". Hahahahaha. Pedi para o nosso médico tirar o meu piercing, enjoei dele e acho que pertencia a outro momento da minha vida, que já ultrapassei.
Hoje foi a saída da Caravana. Havia muitos pais, mães, tios e deu para sentir também que éramos todos uma família! Os estudantes participantes são muito interessantes e a viagem é super emocionante, então acho que será uma combinação perfeita!
Foi difícil segurar as lágrimas quando me despedia do pessoal... Acho que nunca me acostumo a dizer tchau, mesmo que seja rapidinho, como desta vez – apenas 2 meses (o intercâmbio mais rápido de que já participei)!
Gostei do que Naomar falou: os jovens têm muitos planos, muitos sonhos e isso deve ser incentivado e apoiado, não desencorajado. Acho que isso também ajuda a mover a sociedade, de alguma maneira. Naomar também disse que tinha feito na década de 70, com Marcio, a mesma viagem! Incrível =) Não imaginava, apesar de que Marcio já tinha me contado da sua ida a La Paz...
Depois ele me explicou que pegaram um ônibus até Mato Grosso e de lá o famoso Trem da Morte até a Bolívia... Daí foram de país em país, numa época de golpes de estado e revoluções. Marcio me contou que quando eles chegavam numa cidade e liam o jornal, viam a notícia de que a estrada pela qual haviam passado no dia anterior tinha sido fechada pelas guerrilhas, pelos “campesinos” ou pelo governo local. Que aventura!!!
Mudando de assunto: nosso almoço foi delicioso, a cozinheira da churrascaria onde paramos fez uma comidinha especial para os vegetarianos (somos cinco, por enquanto, mas parece que surgirão novos adeptos durante o percurso). Nossa comida foi fresquinha (e não o que tinha sobrado, que foi o que os carnívoros comeram) e sem moscas hahahahaha. Tudo graças a Antonio, que é vegan e acompanhou toda a preparação dos alimentos (inclusive pediu para a moça lavar o repolho – coisa que ela não ia fazer – e fritar, por via das dúvidas).
Apenas a 200km de Salvador, aproximadamente, já víamos a desigualdade: casas muito humildes, construídas à beira da estrada, e pequenas propriedades rurais, com cultivos de subsistência. Não precisa ir muito longe para entender a América Latina, mas vai ser interessante perceber os pontos em que esses contrastes se parecem e se diferem.
Fiquei feliz com o apoio da Vivo, espero que a gente disfrute da melhor cobertura ;)
Eu tinha jurado que, dessa vez, ficaria "quieta", que não viajaria novamente até me formar... Mas não deu pra resistir! Hahahaha. Viagem com tudo pago para a Argentina, Chile, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Equador, Colômbia e Venezuela... E conhecendo um monte de universidades, instituições políticas, ONGs, edifícios do Mercosul!!! Lá vai a menina boomerangue de novo, como diz minha amiga Aline =)
Apesar de não saber nadar, Neruda era completamente apaixonado pelo mar - uma de suas principais fontes de inspiração - o que o leva a usar diversos móveis provenientes de barcos (além de uma decoração temática neste sentido) em sua casa.
Pudemos entender um pouco mais sobre a militância de Neruda, a força de sua esposa e a ditadura chilena durante o recorrido... Sua história é realmente impressionante!
